Cronica e arte
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Salvo pelas ideias.
Em uma passagem da
vida de São Mauro, São
Bento certo dia o
chamou e disse: corra
até o riacho que Placido
está se afogando! O
discípulo foi correndo
atender ao chamado da
visão que Bento tinha
acabado de ter. Ao
chegar no local, São
Mauro sem se dar
conta, correu pelas
águas e agarrou-o Placido pelos cabelos, retirando do afogamento.
Salvo pelas ideias.
As ideias hoje estão um pouco de lado pela emergência do que a
maioria de nós sabemos sobre o que tem de ser feito pelo país.
Atualmente não precisamos muito delas. Para enxergarmos o óbvio
(palavra muito utilizada pelos bons inconformados) às vezes basta
entendermos um pouco da história que antecede a esse ponto de luz.
Mesmo que seja uma luz mínima.
Quase em todos os tempos quando se falou em ideia, sempre se teve o
jovem como referência essencial para o futuro. Sempre ouvi falar
‘ahhh, o jovem....’ Mas o que esperar hoje sendo que a visão que
temos deles é sempre uma postura PUC de ser. Mesmo em outros
estados do país, parece que estamos vendo esses alunos em corpos de
outros. Como agora se fala muito em previdência, devem estar
achando que só o psol conseguiria arrumar. E que essa ‘mão direita’ do
tempo, que deve tomar todo o espaço deles, não servirá nunca para
nada. Nunca vou entender dessa coisa de torcer para algo bom não dar
certo.
O grande Ferreira Gullar, que se foi recentemente, tinha uma frase
muito boa: “A pior democracia é melhor que qualquer coisa. ” Sim,
Gullar, mas sou ressabiado com ela e até chego no fundo a não
acreditar, assim como esse D. Paulo Evaristo Arns, que
surpreendentemente, mesmo sendo um arcebispo que foi muito mais
acostumado com boné na cabeça do que a doutrina, dizia a amigos.
A democracia, sendo até agora o regime mais justo a que alcançamos
pelas conquistas civis e com o passar dos séculos, tem sua
característica lenta, temos de ter paciência para com o cumprimento
dos nossos direitos e deles realmente acontecerem. Agora, a
democracia plena, nunca existirá, é como esperar pelo papai Noel, ele
nunca irá chegar.
E o capitalismo, esse pobre coitado. Apanha diariamente. Ao meu ver,
só tem um defeito, o seu lado selvagem. Nessas eleições municipais,
andando pelo centro, vários jovens correligionários distribuindo
adesivos me pararam para falar-me de sua candidata, o seu slogan era:
“uma voz anticapitalista. ” Passei batido.
Será que ninguém um dia pensou em escrever especificamente sobre o
tema ‘moda da democracia’ e suas consequências? Ela deveria ter uma
imagem, como Temis, a deusa da justiça. Ambas muito bem faladas,
mas não exercidas corretamente.
E o socialismo. Esse é o mal mais ativo. É o vírus que pega mais fácil.
Tem vários tipos de seguidores. Até em teatro tem. Alguns chegam até
a estampa-lo na entrada, através de um rosto de guerrilheiro. Outros
ensinam e gravam criancinhas em creches, fazendo-as repetir em coro:
“contra péc dô quacu um’, e põem para circular na internet.
Fidel morreu, e, que lindo a homenagem que Leonardo Boff fez nos
jornais, sobre seu lado “humano”. Disse que o “pacifista” sempre se
preocupou com a saúde de sua sobrinha. Estou louco para ver o que o
Frei Betto deve ter escrito em possíveis linhas ‘caprichadas’.
A PUC toda nas redes sociais também se solidarizou com o povo
cubano, recém órfão desse grande “democrata”. Vi várias fotos de
cubanos no estado da Florida, ‘em luto’, batendo panela.
Eles falam, ‘mas mal mesmo é o Temer, devemos teme-lo’. Sim, como
quase todos os políticos, mas também devemos tentar enxergar um
lado bom. Tentar uma esperança pela herança que nos restou, dos que
votaram em Dilma. Sabemos que o show de horrores continua e já
chegou em alguns deles com o avanço da lava jato. Mas também não
podemos nos esquecer da quase virada bolivariana que o pt nos meteu.
Restou-nos também esse período de ressaca, mas os babacas, esses
continuaram a existir, desde as crias revolucionárias defensoras dos
gatunos revolucionários sem escrúpulos, até os casos sobrenaturais das
viúvas e viúvos que continuarão perambulando por aí, sofrendo atrás
de uma aventura qualquer e sem se darem conta da ideia de morte do
partido que se foi. Em suma: passaram a escrever sobre uma espécie
de ‘A segunda vinda’, (pois na cabeça deles, a primeira foi FHC) como
o aterrorizante poema de W. B. Yeats, agora depois que o tal cinturão
vermelho do país (pt) foi esmagado pelas urnas.
Conheço uma garota que imaginou a cavalaria, São Paulo virando Rio
de Janeiro, tudo em ritmo de fim de festa pós 64: tiros, correria,
incêndios, ‘jornais pró-Dilma’ em chamas, marcha de cristo com
crucifixo nas mãos das senhorinhas cobertas de véu, em
agradecimento a tomada do ‘vampiro’ Temer.
Mas se cristo realmente viesse, não os salvaria, pela maldade que
defendem e possuem em seus corações gelados. Por maior que for o
lado dos que defendem e acham que temos que botar freio nos gastos,
tomar medidas austeras e incentivar a produção, parece que a
paisagem sempre estará ocupada por eles. Mas sabemos que nenhum
deles é São Placido. Morreriam todos afogados.
Pedro Bueno Nascido em Barretos, Pedro Bueno é um
romancista ainda sem cria, e afinado cronista da vida em
São Paulo, onde segundo ele, sobrevive. Escreve para
revista virtual Contos & Letras, tendo uma coluna intitulada
de ‘O golpe da língua’, onde fala de literatura. Apegado a
memória e ao cinema, transcreve tudo para seu computador,
seu mais íntimo confidente das palavras. Já se aventurou
pelo teatro, e segundo ele, o que o estraga e o fez sair, foi
um culto a coletivização das funções de cada, onde o
trabalho de autor é deixado de lado
FATOS & IDEIAS
COM pedro bueno