Cronica e arte
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O DIA INTERNACIONAL DA MULHER
Um artigo de Mentore Conti // imagem:Pôster para Jornada
Internacional das Mulheres em 8 março de 1914
8 de março de 2018
Neste dia 8 de Março nós
comemoramos mais um Dia
Internacional da Mulher, que de 40
anos para cá vem ganhando cada vez
mais espaço em sociedade. Contudo
ao conquistar este espaço, a mulher
ainda continua com um dos maiores
problemas do qual não consegue sair.
Não me refiro aqui ao ganho de
salário que em geral é mensurado
como a metade do que ganha um
homem para o mesmo cargo, fato
nem sempre comprovado e repetido à
exaustão sem maiores cuidados. Me
refiro aqui a dupla jornada de
trabalho, ou seja, a mulher que se
torna profissional em qualquer área,
quando chega em casa ainda tem que
fazer todo o trabalho doméstico.
Este é um problema muitas vezes
silencioso e que passa desapercebido em datas comemorativas como
esta.
Infelizmente vemos muitos elogios muitos abraços e no final da noite,
mesmo no Dia Internacional da Mulher, quando a homenageada volta
para casa, muitas vezes tem os pratos para lavar.
Muitas vezes na profissão que escolhe, no dia a dia recebe elogios
admiração pelo trabalho feito, como profissional e chega em casa tendo
a louça para lavar a roupa para lavar e passar e assim por diante.
Independentemente deste fator negativo, que a mulher ainda enfrenta,
a data de hoje continua importante, pois marca um ponto com o qual
criamos uma referência para lembrar que a mulher não pode estar em
desvantagem em relação ao homem.
Aliás não é de hoje que a da igualdade é pregada. Santo Agostinho já
em sua época por volta do ano 354-430 d C, bispo de Hipona (na atual
Annaba, na Argélia) no Capítulo 1 do Livro dos bens do matrimônio, ao
descrever a criação do homem e da mulher, nos ensina, citando
Gênesis, que do homem Deus tirou a mulher, manifestando assim a
força de União, no lado do qual foi extraída e formada a mulher.
Santo Agostinho então completa que pelos lados se unem dois que
caminham juntos e se dirigem ao mesmo ponto. Assim vemos, que já
naquela época a ideia de Santo Agostinho era de homem caminhasse
lado a lado com a mulher, o que muitas vezes infelizmente isto ainda
não acontece.
O motivo da fixação do dia 8 de Março, como dia internacional da
mulher, se perde um pouco no tempo, não sendo verdade que esta
data foi fixada por causa de um incêndio provocado nos Estados
Unidos, em 1908 intencionalmente para matar operárias que
protestavam por direitos trabalhistas. Na realidade não houve incêndio
algum naquelas três primeiras décadas do século 20, no dia 8 de
março, como diz a história contada e recontada.
O único incêndio que houve de grandes proporções ocorreu no dia 25
de Março de 1911 em Nova York, na parte interna da empresa Triangle
Shirt Waist Company, quando morreram 146 operários entre mulheres
e homens sendo que 62 vítimas morreram tentando escapar se
jogando pela janela.
O incêndio foi no 8º e 9º andares do prédio, algumas fontes falam nos
últimos três andares onde a empresas estava instalada. O prédio tinha
10 andares
Nesse prédio as portas estavam fechadas, com medo que os operários
não saíssem antes do horário normal. O que aumentou o número de
vítimas. Na realidade o incêndio que teria dado motivo ao dia 8 de
março, da empresa Cotton, jamais existiu.
No jornal italiano La Repubblica, em 2009 a jornalista Silvana
Mazzocchi, citando o livro “Histórias Mitos e Ritos da Jornada
Internacional das Mulheres, cita as notícias e reconstruções históricas
do trabalho das autoras Tilde Capomazza e Marisa Ombra.
Elas demonstram que a convenção comum, de que Clara Zetkin, em
1910 tivesse escolhido dia 8 de Março, para recordar as operárias
Americanas mortas dois anos antes durante um incêndio ocorrido em
uma greve, não tem nenhum fundamento e que na realidade a fixação
desta data foi feita pela conferência internacional das Mulheres
Comunistas em 1921.
Que esta data esta escolhida para recordar uma manifestação de
mulheres ocorrida na primeira fase da revolução russa. Outras fontes
indicam que a instituição já tinha sido mencionada em 1907 durante a
7ª conferência da Internacional Socialista de Stuttgart, Alemanha.
Seja como for, a data hoje continua sendo um marco importante,
independente de ter sido criada por mulheres feministas de esquerda,
ou mesmo conferências comunistas. Ainda que tenha sido criado um
mito em cima da data, como a do incêndio que não existiu em 1908,
esta data deve servir com reflexão para que a sociedade lembre da
importância da mulher.
Que lembre a importância não apenas como operária ou profissional,
mas principalmente como pessoa o mesmo nível do homem em termos
de direito. Devemos acabar com a confusão muitas vezes criada, de
uma igualdade entre o homem e a mulher pelo ponto de vista biológico
(em termos de força física) e de colocá-la em serviços onde o esforço
físico despendido, pode prejudica-la.
A igualdade principal que se deve buscar é a de direitos, muitas vezes
intencionalmente pouco falada, para que a mulher continue em
desigualdade em relação ao homem, como ainda vemos hoje.
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